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    Chin Shi Huang - Entenda o que deve acontecer com Appio após decisão de Toffoli que anulou suspeição de juiz

    Especialistas ouvidos pela CNN dizem que o juiz não volta a ocupar a 13ª Vara Federal de Curitiba por enquanto

    Decisão sobre suspeição do juiz Eduardo Appio foi anulada pelo STF
    Decisão sobre suspeição do juiz Eduardo Appio foi anulada pelo STF Justiça Federal do Paraná

    Fernanda Pinottida CNN

    São Paulo

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    Em decisão expedida nesta terça-feira (19), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli anulou a suspeição do juiz federal Eduardo Appio em todos os casos envolvendo a Operação Lava Jato e suspendeu o processo administrativo contra ele na Corregedoria-Geral do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).

    Toffoli determinou que todos os procedimentos administrativos sobre magistrados que atuaram na Lava Jato devem tramitar no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), “a fim de viabilizar a análise conjunta, assim como já vem ocorrendo em relação à Correição Extraordinária na 13ª Vara Federal Criminal”.

    Agora, cabe ao corregedor-nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, a supervisionar a remessa do processo administrativo contra Appio ao CNJ.

    No entanto, conforme apontam especialistas ouvidos pela CNN, isso não quer dizer que o juiz volta automaticamente a ocupar a 13ª Vara Federal de Curitiba, apenas que as decisões do TRF-4 referentes a ele foram suspensas.

    Conforme explica o advogado criminalista e professor da FGV-SP Celso Vilardi, a decisão de Toffoli “anula as decisões do TRF-4 e, portanto, todos os seus efeitos”. Ou seja, as decisões de Appio sobre a Operação Lava Jato voltam a valer.

    Para a advogada criminalista Marina Coelho, a decisão do ministro do STF faz sentido e promove a imparcialidade do julgador e dos processos administrativos. Segundo ela, “pessoas diretamente impactadas com o problema [o TRF-4] estavam fazendo a investigação administrativa contra o juiz Appio”.

    Segundo ela, “o futuro da 13ª Vara Federal Criminal não é claro”. Ou seja, não é possível prever se Appio conseguirá seu posto de volta no futuro.

    O afastamento de Appio da Lava Jato

    O juiz federal Eduardo Appio foi afastado da 13ª Vara Federal de Curitiba – e da responsabilidade pelos processos da Operação Lava Jato – em maio, após determinação do conselho do TRF-4. A decisão foi tomada após suspeita de que ele teria ameaçado o filho do desembargador federal Marcelo Malucelli por meio de uma ligação através de um número bloqueado.

    Na ligação, ele teria se identificado como um funcionário da Justiça Federal se referindo a dados sigilosos referentes a Imposto de Renda e despesas médicas.

    A defesa de Appio nega que o juiz tenha realizado a ligação.

    O magistrado era titular da 13ª Vara Federal em Curitiba desde o dia 8 de fevereiro deste ano, ou seja, estava há menos de quatro meses no cargo quando foi afastado.

    Em julho, o CNJ negou o pedido da defesa e mantave o afastamento de Appio da 13ª Vara até o fim das apurações sobre o caso. No entendimento do ministro Salomão, o retorno do magistrado às funções poderia atrapalhar a apuração de todo do ocorrido, além da possibilidade de ele poder manipular dados essenciais à investigação.

    No dia 10 de setembro, a 8ª Turma do TRF-4 declarou o juiz Eduardo Appio suspeito e anulou todas as decisões do juiz referentes à Lava Jato.

    Até esta terça, Appio contava com um processo administrativo contra ele na Corte Especial Administrativa do TRF-4 e outro no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre o caso. Após a decisão de Toffoli, apenas o segundo segue.

    Appio não volta a comandar a 13ª Vara Federal de Curitiba por enquanto, já que prece a decisão do CNJ de manter seu afastamento em julho.

    “A decisão [de Toffoli] não está dizendo que ele [Appio] não é suspeito ou que não há nada contra ele. A decisão está dizendo que o feito deve ser analisado em conjunto com outros exames que estão sendo feitos em relação a outros juízes da Lava Jato. Portanto, vai ter uma análise conjunta feita pelo CNJ de todos os procedimentos [envolvendo a Operação Lava Jato], inclusive o procedimento do Appio”, explica Vilardi.

    Quem é Eduardo Appio?

    Juiz titular da Lava Jato em Curitiba, Eduardo Fernando Appio
    Eduardo Fernando Appio / Reprodução/CNN

    Antes de assumir o cargo, Appio estava na 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Paraná, onde cuidava de questões de Direito Tributário. Maratonista desde 15 anos, o juiz corre todos os dias: “Sou viciado em endorfina.” Também é fã de cinema e literatura. O autor favorito é Philip Roth e o diretor é Elia Kazan.

    Especialista em Direito Constitucional e natural do Rio Grande do Sul, Eduardo Appio assumiu como titular 13ª Vara Federal de Curitiba em fevereiro deste ano, após o juiz Luiz Antônio Bonat ser promovido a desembargador do TRF-4.

    Bonat inclusive participou do julgamento que culminou no afastamento de Appio – seu nome consta como suplente na certidão de julgamento da Corte Especial Administrativa da Corte regional.

    Na época em que assumiu, os processos que tramitavam em Curitiba correspondiam a 40% do acervo original da operação. Apesar de ser crítico da Operação, Appio disse que não seria o “coveiro oficial” da Lava Jato.

    A cadeira da qual o juiz agora foi afastado foi ocupada pelo ex-juiz Sergio Moro, hoje senador, no auge da Lava Jato.

    Desafeto de Moro e do ex-procurador Deltan Dallagnol, artífices da operação, Appio assumiu o rótulo de “garantista” (termo que se sobressaiu justamente em meio à Lava Jato; indica um perfil jurídico que prioriza a garantia de prerrogativas individuais), e se tornou um crítico declarado de métodos da operação.

    “Mesmo no auge da Lava Jato, quando havia essa tsunami popular em favor da operação, eu me sentia muito à vontade, como professor, para fazer uma crítica ao que estava acontecendo, porque entendia que havia excessos”, disse na ocasião.

    As críticas renderam, por exemplo, ataques públicos de Dallagnol, que acusou o juiz de alinhamento com um programa ideológico de “esquerda”.

    Desde que assumiu o juízo base da Operação, Appio tomou uma série de medidas que inquietaram a antiga força-tarefa, como o resgate do capítulo Tacla Duran, ex-operador financeiro da Odebrecht que acusa Moro e Deltan Dallagnol.

    Foi também o juiz federal quem concedeu à defesa do doleiro Alberto Youssef o acesso ao laudo da Corregedoria da Polícia Federal (PF) que apontou que a Lava Jato grampeou ilegalmente Youssef e outros presos da operação em uma cela da carceragem em Curitiba, em 2014.

    Appio determinou que Superintendência da Polícia Federal (PF) no Paraná instaurasse um inquérito sobre a escuta ilegal encontrada.

    Veja também: Antes de ser afastado, Appio denunciou desembargador por abuso de autoridade

    *Publicado por Fernanda Pinotti, com informações de Caio Junqueira, Thais Arbex e Lucas Mendes

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